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PEDRA DO CRUZEIRO: ESCALAMINHADAS NO SERIDÓ - Página 3 PDF Imprimir E-mail
Seção: Trekking - Categoria: Geral
Escrito por Jorge Soto   
Qui, 21 de Maio de 2009 18:16
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PEDRA DO CRUZEIRO: ESCALAMINHADAS NO SERIDÓ
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Pois bem, deste ombro rochoso há duas opces pro cume: escalar as paredes rochosas verticais restantes feito lagartixa; ou fazer como eu, me enfiar numa gruta ao lado formada por blocos desmoronados e dali escalaminhar s/ dificuldade ate o alto. Num piscar de olhos emergi no topo, como q nascendo de uma fenda aberta na rocha, e me sentei na larga e gde laje de pedra q domina parte do cume. Ali tb há o q fora outrora um imponente cruzeiro, mas q hj apenas resta sua armação ainda intacta. Pressumo q o desnível total não ultrapasse nem 300m, vencido c/ relativa facilidade em quase meia hr. Tds as montanhas ao redor tem esta média de altitude, nem mais nem menos. São subidas árduas, claro, devido ao calor e sol inclementes. Dito e feito, as 8:30 o sol já comeca a bater rijo, mas a vista daqui de cima compensa cada gota de suor vertida na ascensao. Numa panorâmica privilegiada de 360 graus, vislumbramos ao norte/nordeste o enorme espelho d'água esmeralda do Açude Gargalheiras sendo abraçado pelas Serras da Lagoa Seca e pela Serra de Acauã; à leste temos os contrafortes escarpados da Serra do Chamisco se encontrando com a Serra do Maracujá, q por sua vez se espincha pro sul em espigões menores; logo abaixo, vemos as paredes de concreto do açude sangrando o Rio Acauã, q depois de represado serpenteia a planura do sertão em direção a Acari, agora uma mancha branca diminuta no quadrante leste. O topo é largo, levemente acidentado e c/ vários mirantes privilegiados separados por rochas, mato e alguns abismos, mas nada q um bom "jump" não resolva. Dono absoluto do cume, estico a camisa p/ secar numa rocha e paro p/ descansar uns bons minutos apenas p/ sentir a pele tostando gradativamente. Pequenas aves como tiziu, teteu, papasebo, rolinhas, cacuruta, salta-estaca e tantas outras pousam perto de mim, curiosas, p/ depois rasgar o ceu azul, indo atrás de seu sustento em meio aos escassos recursos q o árido sertão oferece.
A volta é feita na metade do tempo, embora tenha me perdido no trecho final, mas nada q um vara-mato (no caso, vara-arbusto e vara-cacto) não desse conta. Na estrada novamente, continuei ate o final  e, após algumas poucas pousadas, alcanço a barragem vista do alto. Imponente, suas dimensões ao vivo impressionam ainda mais, à diferença da perspectiva diminuta do alto do morro. Na sequencia, retorno tranquilamente ate a bifurcacao do quiosque, as 10hrs, onde o calor reinante me obriga a tomar 2 refrigerantes. Sim, isso mesmo, 2 refrigerantes. Se tomasse cerveja sentiria + sede e as pernadas matinais ainda não haviam terminado. A besteira foi não ter trazido nenhuma mochila de ataque, garrafa dagua ou lanche. Subestimar distancias no sertão pode custar caro.
Do quiosque tomei a outra bifurcacao, aquela q bordejava o lago pela esquerda. O asfalto agora dava lugar a uma poeirenta estrada de terra tremendamente exposta, mas por sorte consegui carona na caçamba de um veiculo q me poupou andar quase 2km sob sol, agora de fritar miolos. Saltei entao num local aprazível chamado de "Prainha", q nada + é um largo areiao à beira da represa q faz de balneário local. O lugar tinha poucos banhistas, p/ tristeza do quiosque instalado bem ao lado, s/ nenhum cliente. La dei um merecido tchibum nas águas calmas e esverdeadas do Gargalheiras, apenas p/ constar q guardavam uma certa viscosidade e sua cor se devia à gde presença de algas em suspensão. De qq forma, o banho já fora refrescante o suficiente p/ compensar a pernada matinal.
Meia hora depois de descansar à sombra de um juazeiro + robusto resolvo voltar à Acari, ainda + qdo o quiosque aumenta o volumec/ o som inconfundível de uma sanfona e triangulo sintetizados. Não tem jeito, o forró é a trilha sonora do nordeste. Já de olho nos banhistas motorizados q retornavam, peço carona despudoradamente c/ relativo sucesso, e assim me pouco de quase 8km de ter minhas celulas epidermicas cruelmente calcinadas pelos caprichos do Astro-Rei.
Eram quase 11:30 qdo saltei em Acari, q por sua vez parecia uma cidade deserta naquele horario. Tb pudera, o sol fumegante e o calor escaldante obrigam td mundo a se enfiar em casa, tanto q até o comercio fecha no horario do almoço. Era incrível como não havia ninguém na rua, mas assim mesmo me dirigi a um bar onde parecia td mundo concentrado. Lá sim mandei ver 2 brejas geladas no gargalo, e enqto conversava com um jovem tomei conhecimento de vários outros programas aventureiros da região, mas q são + comuns no inverno, onde a temperatura e o sol são + amenos: tem o trekking pelo Cânion Apertados e pela Serra da Lagoa Seca; tem ate uma travessia q o grupo escoteiro local faz e q serviu de base numa corrida de aventura q teve por la, q sai de Currais Novos, percorre a Serra do Chapéu, passa pelo Apertados e pelo Açude, até dar em Acari. E isso pq eu apenas me limitei apenas à Currais Novos e Acari, pois os demais municípios tem tb seus programas natureba-radicais, como a subida da Lágea Formosa (San Rafael), pedaladas pela Serra da Formiga (Caicó), canoagem no Rio Potengui (Cerro Cora), trekking na serra Boqueirão (Parelhas), entre muitos outros. S/ comentar as excursões aos labirintos de cavernas q se emaranham nas minas desativadas na região, e até sítios arqueológicos c/ inscrições rupestres pouco conhecidos do gde publico.
Na sequencia, tomei um busao q me levou de volta à Currais Novos, onde a paisagem humana não era diferente de Acari. Deserta, fiz questão de engrossar o numero de desaparecidos e fui direto p/ hotel, onde me dei uma duchada e dormi o restante da tarde afim de dar um rolê no Pico do Totoró, perto dali, num horario + ameno. Dormi c/ ventilador ligado no maximo, alias o tal eletrodoméstico é artigo indispensável no sertão potiguar; seja pra aplacar o calor durante o dia, seja p/ afastar os pernilongos à noite, horario em q os sanguessugas surgem em doses maciças.

É verdade q nesta minha breve passagem pela região nem sequer arranhei 1% das possibilidades q este belo rincão do sertão nordestino oferece, mas fica a deixa de retorno numa próxima oportunidade. De preferência, no inverno e c/ tempo de sobra, onde a temperatura permite programas radicais p/ tds os gostos e de vários niveis. Seja caminhando, escalando, pedalando ou remando em meio a um bioma tipicamente brasileiro, a Caatinga, a região do Seridó é uma agradável surpresa q pode não ter as gdes alturas da região sul/sudeste, mas q mesmo assim suas serras conseguem fascinar pela beleza de suas rústicas formas, pela natureza exótica à sua volta e pela cultura e o povo acolhedor q concentram.


Jorge Soto
http://www.brasilvertical.com.br/antigo/l_trek.html



 
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