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PEDRA DO CRUZEIRO: ESCALAMINHADAS NO SERIDÓ - Página 2 PDF Imprimir E-mail
Seção: Trekking - Categoria: Geral
Escrito por Jorge Soto   
Qui, 21 de Maio de 2009 18:16
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PEDRA DO CRUZEIRO: ESCALAMINHADAS NO SERIDÓ
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E la estava eu agora no marasmo do 1º dia do ano, coletando infos aqui e acolá de modo a tornar produtiva minha breve passagem pela região. Meu tempo era curto e por essa razão me limitei a dar rolês por Currais Novos e Acari, q em tese são o centrao do sertão seridoense e guardam atrativos interessantes no quesito "montanhas". Resolvi entao conhecer inicialmente uma tal Pedra do Cruzeiro, em Acari, local q tinha a melhor vista do grandioso Açude Gargalheiras e uma geral de tds as serras ao redor. Pois entao vamos lá.
Dessa forma, me dirigi a um pto proximo onde dividi uma lotação (numa Brasília caindo aos pedaços) c/ outras pessoas q se dirigiam a Acari, as 7hrs. Alias, aqui lotações é o q não faltam, já q s/ fiscalizacao qq um faz do seu veiculo particular, seja ele carro ou moto, algo oportunamente coletivo. Currais Novos é uma cidade simples c/ detalhes pitorescos, cujo maior magazine são as "Casas Potiguar" e as campainhas das casas são conhecidas como "cigarreiras". Antiga aldeia de índios canindés e janduís, a cidade nasceu de 3 currais construídos, em 1755, afim de estimular o povoamento naquela região, quase divisa com a Paraiba.
Num piscar de olhos, deixamos a cidade p/ ganhar o asfalto q nos separa apenas 15km de Acari. No caminho converso c/ o motorista, enqto já avisto as silhuetas cada vez maiores de montanhas despontarem no horizonte. Me conta q aquela regiao  serrana está repleta de minas desativadas de tungstênio e algumas ate viraram atração turística. Logo o asfalto se espreme entre as  Serras Pau Pedra e a Serra de Acauã, p/ depois acompanhar as elevações rochosas da Serra do Saguim Cordeiro e Do Juazeiro. Claro q não são montanhas q se assemelhem à qq uma da Mantiqueira ou Serra dos Órgãos, mas suas dimensões acanhadas são significativas se comparadas à horizontalidade típicas do sertão nordestino.
Salto em Acari as 7:15, já de olho nalguma sinalizacao q indique meu destino. Ali é considerada a cidade + limpa do pais e já fora antiga aldeia cariri q ganhou sua alcunha devido a um peixe bem comum no Rio Acauã, q banha a cidade. Assim, fui me guiando pelo emplacamento "Represa Gargalheiras", sempre sentido nordeste, embora direção fosse óbvia; a cidade está aos pés de um enorme maciço rochoso q parece se espichar p/ sudoeste, quebrando pros lados em vários serrotes menores. Não demora e já me vejo caminhando numa estrada deserta singrando a agreste caatinga - dominada por arbustos ressequidos e arvores de pequeno porte, como algarobas, baraúnas, cardeiro, juremas e umbuzeiros desfolhados ou retorcidos - cruzando eventualmente c/ algum motoqueiro no sentido contrario. Felizmente, o sol ainda não bate forte a pto de incomodar a caminhada.
Aos poucos, a estrada bordeja a Serra do Minador pela direita ate esbarrar - 5km depois feitos em 40min - numa bifurcacao marcada por um quiosque de bebidas. Este, por sinal se encontra às margens do gigantesco Açude Gargalheiras - o nome oficial é Marechal Dutra - cujas dimensões realmente impressionam c/ sua beleza rústica, alem de ser o maior reservatorio de água do Seridó. Da bifurcacao tomo à estrada a direita, q beira o açude durante um tempo e atravessa a pequena vila de pescadores de nome homônimo, onde simpáticas casas coloridas se perfilam durante um curto trecho ao longo da estrada. Mas logo a mesma corta p/ esquerda, ainda beirando o açude, mas eu continuo reto por um caminho de terra q se logo encosta no sopé da Serra do Pai Preto. Aqui há uma capelinha c/ uma santa, rodeada de flores e velas, local onde provavelmente devem haver procissões nalguma época do ano.
Do lado esquerdo da capelinha, percebe-se nitidamente uma trilha subindo o morro e é por ali q começo a ganhar altitude, a pasos rápidos por largos e íngremes ziguezagues, em meio aos arbustos secos e espinhentos de aspecto rude. No caminho, cactos, macambiras, coroas-de-frade, angicos, catingueiras, mata seca e td sorte de vegetacao tipicamente de caatinga. Calangos e teiús de td tipo e tamanho fogem assustados diante minha presença, enqto avanço ofegante numa picada q cada vez torna-se cava vez + íngreme e árida. O chão arenoso é escorregadio, e se alterna com lajes e rochedos, nos quais há firmeza maior de apoios aos pés. O calor matinal logo se faz sentir, e não demora p/ minha camiseta se empapar de suor. Um tempo depois a trilha dá praticamente num paredão rochoso quase vertical. E agora? Pois bem, aqui nos esgueiramos, na base escalaminhada, numa espécie de canaletinha em meio a terra e mata remanescente rente à rocha, nos segurando em fios elétricos de grossura razoável (isso mesmo, cabos elétricos e não corda!) deixados ali justamente p/ auxiliar na subida.
Alcanço entao um amplo ombro rochoso q nos possibilita já uma bela visao ao redor, mas ainda tem uns 10m de pura pedra a serem superados p/ chegar de fato ao cume da montanha. Pros menos condicionados chegar ate aqui já ta de bom tamanho, pois o espaço "seguro" é sempre rente à pedra c/ vestígios de alguma mata, como bromélias e xique-xiques. O resto são lajes escorregadias q se bobear, bye bye. Razão pela qual não fiz mta questão de me aproximar das lajes + panorâmicas, q terminavam em desníveis abruptos, onde grampos denunciavam a pratica de rapel.



 
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