BIKE, QUAL EU COMPRO? Imprimir
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Escrito por Brasil Vertical   
Dom, 06 de Junho de 2010 12:54

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Um pouco de história...

A bicicleta no Brasil

Em 1898, a bicicleta chega ao Brasil vinda da Europa. A partir desta data com sucessivas modificações técnicas e um processo variado de aperfeiçoamento em relação aos materiais empregados e aos vários tipos relacionados esta evoluiu para a atual bicicleta.

Em 1945 devido a dificuldades na importação por causa da II Guerra Mundial a Caloi passou a fabricar peças para bicicleta na cidade de São Paulo. Somente em 1948 as bicicletas começaram a ser fabricadas no Brasil, por essa mesma empresa, e tornaram-se populares. Neste mesmo ano foi fundada a Monark, que também passaria a fabricar bicicletas.

Os 10 Mandamentos do bom comprador
É comum encontramos nas lojas especializadas, ciclistas novatos à procura da sua primeira bicicleta, perdidos no meio de tantas opções e sem a mínima idéia de como usar seu dinheiro da melhor forma possível. Alguns esperam gastar pouco, outros muito, e outros não fazem a menor idéia do quanto custa uma ou de que tipo de bike precisam ou querem.

Só isso já seria suficiente para justificar uma matéria como essa, com dicas e manhas para quem pegou o "bichinho das magrelas" e não sabe por onde começar. Leiam o então esse guia de compras com os 10 Mandamentos do Comprador, baseado em anos de experiência nossa (nos dois lados do balcão) é para você.


1. Escolha sensata - Antes de mais nada é importante lembrar o que estamos sempre falando aqui no site PEDAL: se você está entrando sério no negócio, procure sua bike em uma loja especializada. Supermercados e lojas de departamento raramente possuem pessoal com conhecimento específico em bikes, equipamentos ou mecânica, e acredite, isso faz MUITA diferença. Vale a pena investir nisso se você quer usar a bike para fins esportivos.

2. Qual loja ? - Em praticamente toda cidade há pelo menos uma loja especializada (se não houver uma na sua, procure na cidade mais próxima...). Mas como escolher a melhor para você ?

Entrar na loja errada, com dinheiro para gastar e nenhum conhecimento aumentam as chances de você comprar uma bike que a loja quer se livrar ao invés da que você precisa. Por isso, o ideal é se informar um pouco com a galera do pedal local sobre as lojas da região - quais são as melhores, e por quê. O melhor visual, locação ou os "preços mais baratos" nem sempre são o melhor indicativo de bons serviços. Procure uma loja com atendentes que pedalam, que sejam solícitos e receptivos mas também informados, de preferência que sejam eles próprios bikers.

A loja oferece mecânica qualificada, oficina organizada, boa variedade de componentes, garantias? Que nos desculpem as "bocas", mas a concorrência só traz benefícios para os clientes - e qualidade, paixão pelo esporte, capricho e organização são mais importantes do que preços baixos... Pesquise bastante e não se arrependa!

3. Informação é poder! - Da mesma forma, vale a pena se informar um pouco sobre bikes, equipamentos e afins antes de "ir pro abraço". Isso também ajuda a evitar enganos das duas partes (o vendedor e você). Existem também inúmeras "pegadinhas", as bikes têm centenas de componentes e as gírias e jargões usados também não são poucos. Informação é poder e você deve ao menos ter uma idéia do tipo e nível de bike que você quer.

Isso reduz as chances de você gastar mais do que precisa ou o contrário - terminar com uma bike que não se presta ao uso que você quer dar! Uma dica é começar aqui mesmo, no site PEDAL, pois todos os meses são apresentadas matérias de tecnologia, mecânica, componentes, competições, testes, saúde e treinamento (desculpem o jabá, hehehe....). Outra é procurar um clube de ciclismo, colegas que já pedalem, etc. Nas lojas, não se acanhe nem tenha medo de passar por ignorante: quando tiver dúvidas, pergunte mesmo!

4. Equipamentos indispensáveis - Se você está realmente começando, não se esqueça de considerar, além do valor da bike, o custo dos acessórios que você vai precisar. Alguns são indispensáveis, como o capacete. Pode ser que você pechinche e acabe ganhando, além de um desconto, um suporte e caramanhola instalados na bike. Mas e que tal um capacete (nem pense em não usar!), luvas, uma bermuda, uma bomba e câmaras extras, e um kit de ferramentas e remendos para emergências ? Isso é o básico. Não precisa ser tudo do bom e do melhor, mas ainda assim vai custar alguma coisa e portanto deve entrar nas contas de uma bike nova.

5. Aqui ou lá fora ? - Hoje em dia, com a internet e as facilidades de se comprar no exterior, fica sempre a pergunta: "compro aqui ou trago de fora ?". Existem vários argumentos e motivos para comprar sua bike em uma loja especializada por aqui: serviço personalizado, garantias, montagem especializada são apenas alguns mais óbvios. A não ser que você saiba bem o que quer e esteja viajando e queira aproveitar a ocasião, é sempre aconselhável dar preferência para as lojas locais.

Se você considerar que é preciso incluir o preço da montagem, as taxas e o transporte, pode descobrir que sai quase empatado em termos de valor - com a comodidade de saber que a garantia é certa e os riscos são menores. Além disso, um bom relacionamento com a "galera" pode começar na hora da compra!

6. Descontos - Cada loja tem um limite para oferecer descontos numa bike, mas geralmente essa margem não é muito grande. Pode-se conseguir descontos melhores em equipamentos e serviços, sobretudo na hora da compra, ou ainda uma condição de pagamento mais "elástica", mas o mercado de bikes, especificamente na faixa das bikes básicas e intermediárias (que são as faixas mais competitivas) trabalha com margens menores.

Bikes top, mais caras, podem ter maior margem, e o desconto pode ser maior também em bikes e modelos de anos anteriores ou fora de catálogo. Procure por promoções específicas de alguma marca, ou pechinche nos acessórios e serviços, usando o bom senso e a oportunidade. Não subestime seu poder de compra, mas não espere superdescontos!

7. O que importa é a qualidade do serviço - Algumas lojas oferecem serviços diversos para atrair o cliente: de check-ups e lavagens grátis a serviços de busca-e-entrega (delivery). Mas o que importa mesmo é a qualidade do atendimento e sobre tudo da mecânica da loja. O vendedor quer apenas empurrar uma bike X ou Y ? Não tem paciência para explicar como funciona A ou B ? Se recusa ou não sabe como justar corretamente a bike ou algum acessório ? Não importa se a loja é bonita e cheia de produtos e cartazes, se o atendimento for ruim, as chances de você ficar na mão e ter problemas quando precisar de alguma ajuda, são grandes. Da mesma forma, lojas onde os atendentes e mecânicos são bikers (não-esnobes, é claro) tendem a ser mais camaradas e quem ganha com isso é você. Valorize seu dinheiro!

8. 1,2,3...testando! - Algumas lojas permitem que você dê uma voltinha no quarteirão, o que pode ser pouco para ter uma boa idéia do comportamento da bike, mas serve para dar um "feeling", sobretudo quando se está comparando bikes - ainda mais bikes com suspensão. Esse pequeno rolê pode ser ainda mais importante se a bike for usada, pois "maquiagens" e gambiarras podem ser detectadas nesse momento. Se algum amigo tiver um modelo igual ou parecido com o que você quer, peça emprestado para fazer um teste. Nenhum esforço é demais se for para você comprar a bike ideal para suas necessidades e seu gosto.

9. Bikes usadas: bom negócio ? - Às vezes comprar uma bike usada pode ser um bom negócio. Se a bike estiver em uma loja, pode estar em consignação ou ser da própria loja (se entrou como parte de pagamento por outra magrela, por exemplo), e provavelmente sofreu alguma revisão ou ajuste que a deixou em ordem. O preço pode compensar, mas a análise detalhada do estado dos componentes (muito importante) e do quadro (muitíssimo importante!) é fundamental nesses casos. Se possível, deve ser feita por algum amigo ou mecânico de confiança, alguém que entenda bem do assunto e possa dar um parecer sem maiores interesses. Lembre-se também que se o negócio parecer bom demais para ser verdade, pode ser mesmo (leia: "pegadinha"). Caso contrário, invista numa bike nova que o retorno é certo.

10. Você no comando - O mais importante de tudo é se sentir confortável com sua escolha. Não se sinta pressionado a decidir na hora, nem embaraçado por pedir informações que você julga necessárias para sua decisão (ninguém tem a obrigação de saber absolutamente tudo sobre bicicletas, nem mesmo o vendedor!). Lembre-se que por mais interessado que você esteja em comprar uma bike, quem manda é você, o cliente.

Escrito por Alex SP


 Perguntas frequentes

As bicicletas são todas iguais?
Absolutamente não! Mesmo que duas bicicletas sejam aparentemente iguais, mas originadas de fábricas diferentes, provavelmente têm um desempenho diferente.

Por que não vale a pena comprar uma bicicleta bem baratinha?
Porque a baixa qualidade da bicicleta é uma das principais razões para o desestímulo de pedalar. Por isso há tantas bicicletas empoeiradas nas garagens.

E bicicleta usada?
O problema de bicicleta usada é, principalmente, o estado das peças. Caso necessite muita troca, o negócio sairá mais caro que uma nova.

Como saber se uma bicicletaria é boa?
Limpeza, ordem, produtos bem expostos, grande variedade de produtos, atenção do vendedor, respostas claras e precisas, possibilidade de pequeno teste da(s) bicicleta(s). Caso não possam atendê-lo prontamente no produto procurado, tentarão encontrá-lo ou indicarão o local adequado para a compra.
Uma boa bicicletaria respeita a concorrência e não a encara como inimiga. Entre as melhores delas, há uma noção clara de que sua finalidade comercial é, antes de tudo, aumentar o número de ciclistas felizes. Negociante correto age com ética e não empurra qualquer produto somente para realizar uma venda.

 

Vale para todas as bicicletas

Quadro e garfo:

1. fundamental: o barato sai caro! o barato cansa! o barato quebra fácil! o barato não é seguro...

2. a bicicleta mais bonita não é necessariamente a melhor.

3. há uma bicicleta para cada uso.

4. há uma modelo para cada ciclista.

5. o que parece ser mais leve nem sempre é de fato mais leve.

6. há um tamanho certo de bicicleta para cada ciclista.

7. há uma geometria de quadro e garfo apropriada para cada ciclista.

8. há diferentes tipos de tubos e materiais para construir o quadro.

9. a única coisa que importa é a qualidade geral, a precisão.

10. boa bicicleta permite ajustes finos

11. cada bicicleta tem características próprias, como uma alma

12. quanto melhor a suspensão, mais macio o acionamento

13. quanto melhor a suspensão, menor a folga

14. boa referência de qualidade de um quadro: o canote de selim deve subir e descer livre, sem arranhões

 

Componentes:

1. fundamental: o barato sai caro! o barato cansa! o barato quebra fácil!..

2. o número de marchas não importa; importa a precisão

3. o sistema de acionamento de marchas é o que você preferir

4. a marca dos componentes não importa - importa a qualidade

5. dê preferência a componentes em alumínio forjado, pelo menos

6. bons componentes permitem ajustes variados e precisos

7. rodas: quanto mais leves e fortes, melhor

8. aros: perfeitamente alinhados e sem trancos na frenagem

9. pneu: leve, alinhado, permite pressão alta

10. câmara: se possível, leve e, que demore meses para murchar

11. sistema de freio: acionamento gradual e poder de frenagem total

12. pedal: opte pelo que lhe for mais cômodo


Tipos básicos de Bicicletas

Urbana ou híbrida
Normalmente fabricadas com rodas aro 700, que são mais confortáveis que as de aro 26. A geometria é voltada para o conforto e estabilidade, normalmente mantendo uma posição do ciclista mais em pé, o que diminui a facilidade de manter alta velocidade e vencer subidas. Podem ter paralamas, bagageiro, farol, lanterna...

Mountain Bike
Aro 26 e pneus específicos para as condições do terreno. São construídas para agüentar os desaforos do ciclista, sem deixar de lado a velocidade. A posição do ciclista pode ser mais inclinada, visando ganho de força nas subidas. Pode ser pedalada em qualquer terreno e em qualquer condição. É recomendável uso de capacete, óculos e luvas de boa qualidade. Tipos: Rigida, hard tail, e full suspension.

Road Bike ou estradeira
Aro 700. Bicicletas específicas para uso em asfalto, de preferência em estrada. As rodas são leves, com pneus finos e com pressão muito alta. Tem pouca aderência ao solo, o que requer técnica e prática. Aceleram rápido, mantêm com certa facilidade velocidades altas. É recomendável uso de capacete, óculos e luvas de boa qualidade. Não recomendável para ciclistas iniciantes, uso urbano ou piso escorregadio.

BMX, cross e afins
Aro 20 ou 24. A grosso modo - são bicicletas para crianças e adolescentes, para fazer tudo, de brincadeiras à competição. É o melhor início que uma criança pode ter no ciclismo. É exatamente como o kart para o automobilismo.

Infantis
Aro 20 ou menor. A questão da qualidade aqui passa por fazer uma criança feliz. Quando comprar pense na criança, não na sua carteira. Compre qualidade, evite besteiras, enfeites, cestinhas, muitas marchas, suspensão, etc... O que interessa é que a criança tenha facilidade na condução da bicicleta. Um ótimo teste é a criança ser capaz de acionar com facilidade os freios e se eles freiam de fato.

Profissionais ou de competição em qualquer modalidade
Fabricação em pequena escala, com tecnologia de ponta e alto índice de qualidade. São vendidas em poucas bicicletarias por meio do que é chamado de "venda técnica". Há um modelo correto para cada ciclista, em cada modalidade específica. Algumas requerem condução refinada. Não recomendável para iniciantes

Existem ainda as bicicletas do tipo beach bike, baja, full suspension, recumbent, ciclocross, cicloturismo, estradeira, road bike, triathlon, contra relógio, street, trial, ...

 

Para um futuro ciclista

1. experimente várias bicicletas diferentes

2. leia revistas especializadas, pesquise, compare, forme opinião.

3. aprenda a ouvir e a sentir a bicicleta

4. descubra outras bicicletarias

5. acredite: o que é bom funciona. Simples!

6. não adianta colocar uma boa peça num conjunto ou sistema ruim ou precário

7. se está estranho, está errado!

8. não gaste dinheiro no que não vale a pena

9. é muito grande a diferença que faz uma roda boa, leve e alinhada

10. uma bicicleta nunca ficará igual àquela que custa muito mais

 

Checagem mínima da bicicleta:

1. calibragem dos pneus

2. gire as rodas: elas devem estar livres

3. olhe entre a sapata do freio e o aro, para ver se a roda que está girando está alinhada e centrada.

4. com o freio acionado, as sapatas de freio devem estar alinhadas e em paralelo com o aro

5. acione com força os manetes de freio - o sistema de freio não pode ceder.

6. montado na bicicleta, acione somente o freio dianteiro e force a bicicleta movimentando-a para frente e para trás - não pode haver nenhuma folga ou barulho no sistema de direção ou nos freios.

7. dê uns tapas de lado e por cima da ponta do selim: não pode mexer

8. no caso de bicicletas sem marchas, a corrente deve estar corretamente esticada: oscilação máxima medida no ponto central, entre o eixo traseiro e o pé de vela, de 1 cm.

9. dê uma pequena pedalada e faça um teste final. Achou estranho? Vá até a bicicletaria.

 

Para uma checagem mais apurada:

1. calibragem dos pneus

2. pneus bem alinhados no aro: basta rodar e olhar de cima e de lado

3. aros centrados: gire a roda e olhe por cima e pelo lado

4. os raios têm que ter a mesma tensão. Se houver algum muito frouxo vá para a bicicletaria

5. chacoalhe a bicicleta: só pode haver barulho da corrente

6. mexa em tudo que tem rolamento: não pode haver folgas

7. fixe a roda dianteira entre as pernas e tente girar o guidão. O guidão não pode se mover em relação a roda

8. pedais sem rachaduras e folgas

9. cheque o aperto das blocagens (ou porcas) das rodas e selim

10. puxe o elo da corrente que está no meio da maior coroa do pé de vela e certifique-se que a folga - o buraco - entre a corrente e a coroa não seja superior a uns 3 milímetros. Caso a folga seja maior, troque a corrente.

Dica: lubrifique a corrente com um dia de antecedência do uso da bicicleta. Use, de preferência, óleo próprio para correntes. Deixe secar um ou mais dias e mesmo assim limpe o excesso com um pano.

Escrito por Arturo Alcorta

 

Quem tem cabeça, usa capacete!!!