Tem caminhadas cuja oferta (e freqüência) supera a procura, permitindo q sejam adiadas p/ proxima ocasião. É o caso da Peterê, Papagaio, Joatinga, etc. Por sua vez, há àquelas q são rarissimas sequer de serem mencionadas, qto mais dedicação e interesse na coleta de infos p/ chegar as vias de fato. Estas são oportunidades q devem ser agarradas com ambas mãos! Foi o caso da "Catas Altas - Caraça", cujo roteiro inicia no arraial homônimo, situado aos pés do maciço da Serra do Caraça, galga td sua crista atraves de seus maiores picos, e desce pro outro lado concluindo no Colégio do Caraça, cujo um patrimônio inclui a 1º Igreja em estilo Neogótico do país, alem das famosas visitas noturnas do lobo-guará. Enfim, mais uma daquelas raras e pitorescas travessias por serras mineiras q unem historia, cultura e natureza preservada.

O AGULHINHA E PERNOITE NA GRUTA

Chegamos em BH sonados de cansaço, as 5:30 de sabado eu, Cleusa e Bastos. A Clê ficou p/ esperar seu xodó Guga (q viera noutro buso, atrasado) enqto eu e o Bastos tomamos o Pássaro Verde das 6hrs c/ destino a Sta Bárbara, já p/ agilizar conduça pro destino sgte. Após sair lentamente do perímetro urbano, serpenteamos morros ao mesmo tempo q o relevo torna-se cada vez mais acidentado. O tempo, por sua vez, q comecara promissor agora se encobria de grossas nuvens, anunciando o pior. Após vários marcos da Estrada Real e passar por Barão de Cocais, chegamos na pacata Sta Bárbara, sob fina garoa às 8:30, a tempo de perder o busao p/ Catas Altas das 9hrs!! Negociando com taxistas e ponderando sobre o proximo busao (11:30) resolvemos ir c/ Seu Geraldo, simpatico taxista c/ quem já acertamos o resgate, no final da travessia. Enquanto esperávamos a Clê & Guga q conhecemos pessoalmente a Maria, tb da lista ("Vc q é o Guga?", me perguntou), q nos fornecera infos previas da região via mail. Bem q tentamos dissuadi-la a nos acompanhar, sem sucesso, mas suas obrigações falavam mais alto.

As 10:40 chegaram Guga & Clê, e num piscar de olhos zarpamos c/ Seu Geraldo p/ Catas Altas. No caminho já tínhamos um preview do q nos aguardava: na horizontalidade da paisagem erguia-se um enorme, imponente e impressionante maciço, cujo topo era momentaneamente encoberto por rasgos de nuvens! Catas Altas é um pacato arraial pertencente ao antigo Circuito do Ouro, o que pode ser apreciado nos seus vários monumentos, como chafarizes e casarões coloniais, da qual se destaca a Igreja Nssa Sra Conceição, q parece vigiar a cidade de cima de uma colina. Ali fomos seguindo a sinalização "Cachoeiras" ou "Cachoeira Maquiné", nos aproximando cada vez mais da serra. Após subir uma precária estrada de terra, chegamos ate onde podiamos c/ o táxi, isto é, qdo o final da estradinha encontrava um trilho de trem, do lado de uma casinha fechada. Acima nosso, os 1810m de pura rocha do Pico Agulhinha nos observavam ameacadoramente.

Após uns petiscos, aquecimento e breve confraternização desejando sucesso de trip, iniciamos oficialmente a travessia as 11:20hrs! Acompanhamos o trilho de trem p/ esquerda por quase 200m ate encontrarmos a trilha, junto um cano de captação atravessando perpendicularmente baixo dos trilhos, a direita. A picada acompanha a encosta de um morro, sentido oeste, e em pouco tempo chegamos na Cachu do Maquiné, de uns 13m e um belo pocinho. Proximo há varias outras quedas menores nos desníveis naturais do rio. Ali batemos algumas fotos e enchemos os cantis desnecessariamente, pq bem mais acima tb encontraríamos água. Daqui, aparentemente a trilha se afasta do rio, sobe o morro e segue por estradinha precária de terra p/ sul, se misturando com varias outras vias de mineração, existentes aos montes aqui. Sentido errado, mas daqui de cima avistamos o rabicho de trilha correto em meio a mata (acima à oeste) e era pra la q deveríamos seguir de alguma forma! Voltamos à cachu e, não achando trilha na direção desejada, optamos por subir pelo leito do córrego Maquiné, saltando cuidadosamente de pedra em pedra em função do ardiloso limo, tornando nossa ascencao bastante lenta.

Finalmente alcançamos um trecho onde o riacho interceptava uma pequena (e rústica) ponte desmoronada, de onde saia o rabicho de trilha avistado, à direita do córrego, e q seguia p/ norte. Aqui paramos p/ descansar e fazer um lanche, ao mesmo tempo q ouvíamos o apito de um enorme trem transportando minérios, la abaixo. Retomada a pernada, tomamos a picada à esquerda do córrego, em meio a mata de galeria e muitas matacoes de samambaias, e q aparentemente subia este primeiro cocoruto da chamada Serra de Boa Vista. O chão fica escorregadio, o mato arbustivo cede lugar a um bosque ate cruzarmos novamente com o córrego Maquiné, onde passamos a subir, aos ziguezagues, a encosta seguinte. La pelas 14hrs atingimos a enorme e bela Cachu do Meio (dividida em duas gdes quedas, de 40m e 20m), onde a trilha sobe ate seu topo pela direita, proximo de um ótimo local de acampamento, bem protegido. Em meio a floresta, a subida agora torna-se mais árdua, onde temos q fazer usotanto de pés e mãos, nos agarrando vigorosamente às raízes e rochas salientes p/ ganhar altitude. Mais acima, deixamos o rio assim como a mata fechada, e passamos a escalaminharlajes de pedra, agora no aberto, transpondo eventuais focos de bambuzinhos,pequenos arbustos e desviando de eventuais fendas, já tendo um amplo visu do percorrido ate entao. Aqui já não há mais trilha e o caminho é intuitivo, embora hajam imperceptíveis setas (mal) riscadas na rocha, indicando o sentido a correto.

O caminho logo nos leva a uma pequena florestinha, onde havia um ótimo (e tentador) lugar p/ acampar, bem protegido do vento. No entanto, como ainda eram as 16:20hrs resolvemos seguir adiante, p/ novamente escalaminhar, no aberto, pirambas íngremes de lajes, fendas na rocha e alguns arbustos. Mas logo o cansaço logo torna-se estampado no rosto de todos, mas q esboça leve sorriso ao encontrarmos uma bem-vinda bica em meio às pedras, provavelmente uma das nascentes do Maquine, onde enchemos os cantis! Já era quase 17:15hrs, o tempo se encobria rapidamente e um vento forte soprava e nossa prioridade foi a de buscar um local decente, plano e protegido no meio daquelas lajes inclinadas(!?), quase na base do enorme paredão rochoso do Agulhinha, mas onde? Daí saimos da rota e, em diagonal p/ esquerda, nos dirigimos ao selado da crista, ligeiramente proximo "pero no mucho", pois havia muito arbusto a varar e rocha a escalaminhar ainda ate lá.Felizmente, não deu nem poucos minutos e encontramos uma bela gruta, mais precisamente uma gigantesca fenda preenchida c/ enormes pedras desmoronadas, formando varias tocas no seu interior! Não pensamos duas vezes e foi la q ficamos, pois alem de oferecer bons locais p/ deitar, era bem protegido do vento e de um eventual chuvisco! Eu e o Guga nos acomodamos nos "beliches" rochosos quase na boca da gruta, e a Clê e o Bastos dividiram uma lapa no "andar de baixo", q tb serviu de cozinha! Estávamos exaustos e assim q escureceu preparamos a janta e nos recolhemos aos sacos de dormir. A noite fora tranqüila e sem nenhuma intercedencia; de onde eu estava podia ver perfeitamente as luzes faiscantes de Catas Altas, logo abaixo! De madru o vento cessara e deixaria o ceu estupidamente estrelado não fosse ofuscado por uma enorme e brilhante lua cheia, q por sua vez lançava fachos de luz q invadiam nossa gruta, iluminando ao redor.

NO PICO DO SOL,O CUME DO CARAÇA

No domingo acordamos cedo p/ assistir a bela alvorada, prostrados na varanda de nossa "caverna privê", ornada de bromélias, flores e cipós! Dali assistimos o Astro-rei emergir do tapete de nuvens abaixo nosso, tingindo o ceu nos mais variados tons escarlates possíveis., quase as 6 da matina. Enqto as nuvens se dispersavam e os raios invadiam a caverna, tomamos nosso café e arrumamos as coisas, p/ começar a andar logo em seguida. Assim, retornamos ao pto de água do dia anterior, onde alem de abastecer os cantis recomeçamos a escalaminhada por lajotas, à direita, pois havíamos encontrado novamente as setas indicando a direção certa.Ganhando altura rapidamente logo alcançamos um fiapo de florestinha, onde havia outro bom lugar p/ pernoitar, assim como uma "casa de pedra" vazia construída sob uma toca (quilombo?), q tb poderia ter nos acolhido caso não tivéssemos o ímpeto de varar mato na diagonal, o dia anterior, mas q dispunha apenas de um filete de água escorrendo pelas rochas. A trilha (obvia) passa pela frente da toca e, novamente no aberto, passa a bordejar propriamente dito a base da enorme muralha do Agulhinha, na direção sul, ou seja, sentido o selado q pretendíamos atingir o dia anterior, porem sem a mesma dificuldade. Desta forma, chegamos noutro topo bastante amplo e suavemente ondulado, com restos de acampamento (q apelidamos de "Maionese"), porem bem exposto e sem proteção alguma. Apesar disso, o local é mto bonito e lembra uma paisagem lunar; a horizontalidade so era desfeita pela profusão de rochas erodidas dos mais diversos formatos e salpicada de vegetação arbustiva rala, principalmente canelas-de-ema!

A "trilha" oficial termina aqui, a partir daqui a navegação é puramente visual e a consulta da carta é necessaria p/ prever ou desviar dos penhascos ou vales mais fundos! Enfim, daqui seguimos sentido sul, subindo suavemente a ampla crista rochosa, repleta de fendas (um local q remete ao Monte Roraima não fosse o cristal branco, abundante no chão rochoso) e algum mato ralo, ate emparelhar com a estreita crista da Serra do Caraça da qual faz parte o Agulhinha, separada por um vale ligeiramente fundo. Antes tivéssemos tomado a dita crista (ao bordejar a base do mesmo) pq era p/ la q tínhamos q seguir! Isso nos obrigou a buscar um local menos inclinado p/ descer, inicialmente varando mato, passar pelo interior de fendas na rocha ate por fim chegar no fundo do vale, onde alem de muito capim havia o tb bem-vindo
precioso liquido (Córrego do Sol ou Quebra-Ossos, segundo a carta), q refrescou nossa goela! Eram 10:53hrs e agora tínhamos q subir a crista do Agulhinha, q foi vencida varando algum mato, mas principalmente subindo as onipresentes lajotas umidas de pedra q compõem suas encostas. Alcançamos o topo da crista da Serra do Caraça pontualmente ao meio-dia, onde fizemos um merecido pit-stop pra lanche e descanso, tendo como paisagem o incrível visu digna de muitas clicadas: um verdejante e fundo vale rasgado por um rio encachoeirado (Córrego doTanque Preto ou Brumadinho, segundo o mapa) formando varias quedas em seu percurso, alem de muitos poços cor-de-coca-cola; no extremo norte da crista, o Agulhinha (ou Catas Altas ou Horizonte) agora surgia como uma ponta rochosa no final da estreita crista; no extremo sul, o enorme paredão de 2018m de pedra do Pico do Baiano mostra pq é a maior muralha vertical de MG; à sudoeste e do outro lado do vale, o Pico do Sol tem seu topo encoberto, tb ocultando o restante da Serra do Caraça (a curva p/ oeste q compreende o Inficcionado ate o Canjerana) p/ cair vertiginosamente noutra crista rochosa q se desprende à noroeste, igualmente encoberta.Devidamente descansados, retomamos a pernada andando pelo topo rochoso da crista pro sul, ate ir de encontro (na base da escalaminhada, claro!) num
selado q se aproximava do pto mais estreito p/ chegar ao fundo do vale, logo abaixo. Do selado, cuidadosamente, começamos um vara-mato considerável em meio a muitos arbustos e bambuzinhos q nos deixaram arranhados nos braços e pernas, eventualmente fazendo pausas de descanso nos afloramentos rochosos da suave encosta, ate q finalmente alcançamos uma das varias cachus q viramos do alto, as 14hrs. Pausa p/ banho, claro, embora a água estivesse tinindo de gelada, e reposição de nossos cantis! O Guguinha, pra variar reclama de não ter trazido sua "toalhinha". Me poupe, ne?Como depois de td descida tem uma nova subida, respiramos fundo pq agora vinha a ascensao final ao Pico do Sol. Como já havíamos estudado do alto a melhor estratégia p/ isso - subir aos ziguezagues pelas amplas lajotas e canaletas, evitando longos trechos de mato alto e terrenos muito inclinados - não tivemos maiores dificuldades, a não ser a Clê, q eventualmente travava ao subir lajes menos íngremes, porem úmidas, q realmente estavam bem escorregadias. De onde agora estávamos, o Agulhinha lembrava muito a foto clássica de Machu Picchu, à nordeste! Ao atingir o primeiro colo do Pico o nevoeiro aumentou, não permitindo enxergar nada, nem a encosta oposta. Porem, não tivemos dificuldade em subir o restante do maciço, q se deu atraves de uma escalaminhada básica numa canaletinha q o contornava inicialmente p/ oeste e depois ao sul.

Dali foi so alegria, galgando degraus rochosos q finalmente nos levaram aos 2072m do seu amplo e largo topo, marcado por uma precária cruz de madeira. Do lado e alguns metros abaixo, um terreno plano de areia clara, cercado de rochas e muita capim rabo-de-gato servia como acampamento ideal p/ jogar nossas mochilas, exatamente as 16hrs! Sem nenhum visu, nos resignamos a montar acampamento, descansar e falar abobrinha. A noite logo chegou, fizemos nossa suculenta janta e nos enfiamos nos sacos de dormir. Diferente da anterior, fez um pouco mais de frio porem nada tao gritante, mas o bom foi q de madruga o tempo limpou e novamente a lua cheia iluminou td o cume do Pico, q parecia cintilar tanto qto as estrelas no ceu por conta da abundante presença de quartzito nas rochas!

PELA CRISTA ATÉ A BASE DO CARAPUÇA

Tal qual o dia anterior, levantamos cedo naquela friaca de segunda p/ ver o sol nascer (um espetáculo impar, claro!), apreciar a ampla panorâmica e posteriormente estudar a rota a seguir! Sem vestígio de alguma nuvem num ceu estupidamente azul, tivemos o primeiro contato visual com o Inficcionado, a Bocaina e o Cangerana e, finalmente, com o Colégio do Caraça, um minúsculo cubículo branco enfiado num verdejante vale, quase à noroeste, aos pés do Pico do Carapuça, nosso destino daquele dia.Tomamos café, secamos o sereno depositado nas barracas com os primeiros e aconchegantes raios do sol, e logo td material foi engolido pelas mochilas. Zarpamos as 8:15, descendo suavemente pelas rochas sentido noroeste, sem maiores desníveis durante um bom tempo. Felizmente os vales desta crista não
eram tao profundos qto os do dia anterior, mas mesmo assim a navegação exigia certa precisão p/ não darmos de cara com fendas e cânions de gde desnivel, q nos obrigassem a voltar p/ contorna-los! No entanto, isso foi quase impossível, pq tivemos q escalaminhar cautelosamente umas fendas meio punk, q nos obrigaram a retirar as mochilar e ajudar uns aos outros pra poder avancar!Logo em seguida, sempre sentido noroeste, veio uma descida suave por uma larga rampa de pedra q terminava num vale, onde varamos uma língua de mato p/ chegar ate o pequeno córrego q la havia, enfiado no meio de um espesso bambuzal, as 10hrs! Felizmente neste já havia uma brecha pela qual tivemos acesso ao liquido, assim como passagem pra outra encosta, q não teve maiores dificuldades p/ ganhar novamente a crista, q mais adiante se encontrava com outra crista! E assim foi consecutivamente, sobes e desces suaves por largas rampas de pedra e algum mato ralo a transpor. O q nos chamou a atenção deste trecho foi a presença de muito mato queimado e rochas chamuscadas.Ao meio-dia paramos pra lanchar e dar um relax, mas bastou o ceu se cobrir de nuvens ameacadoras q retomamos a pernada, com receio de tomar chuva e ter dificuldades posteriores, principalmente c/ lajes molhadas! Enqto isso, o Carapuça estava cada vez mais proximo, com seu cume ora coberto ora não, ao mesmo tempo q um atrevido carcará dava rasantes sobre a gente, parecendo se incomodar com nossa intromissao naquele seu mundo selvagem de rocha e pedra. A pernada ia bem ate q esbarramos num penhasco vertical relativamente alto..e agora, Jose? Nos dividimos p/ buscar opções de chegar ao vale abaixo em segurança ate q o Bastos achou um: desce-lo na escalaminhada num trecho menos inclinado (porem bem exposto), nos valendo das poucas agarras disponíveis e contornar as enormes pedras da base. No vale, varamos um mato bem espesso outra vez ate chegar na continuação da crista, e seguir desimpedidamente por afloramentos rochosos durante um bom tempo..As 15hrs atingimos o alto do vale q nos separava da base do Carapuça, q nos olhava de forma imponente à sudoeste. Poderíamos ter avançado mais, no entanto onde estávamos era um local tao bom (ou melhor ate) p/ pernoite q do dia anterior, com terreno arenoso plano o bastante pra comportar td mundo, protegido ao redor por um "anfiteatro" rochoso, aos 1800m. Como terreno c/ terra ou areia (p/ prender as barracas) naquele mundo de pedra era raro, resolvemos estacionar ali e descansar o resto do dia, afinal, varar-mato cansa à beça! Eu e o Bastos q o diga.. Montamos acampamento, fomos buscar água numa biquinha proxima e apreciamos o primeiro e belo por-do-sol da trip, outro show a parte e motivo de varios cliques da Cleusa & Guga! O sol deu lugar a uma enorme lua prateada q despontava no outro lado do horizonte, e iluminou nosso acampamento dispensando qq tipo de luz artificial, exceto na hora de preparar a janta. Nos recolhemos antes das 19:30hrs assim q começou a esfriar consideravelmente e dormimos feito anjinhos. À noite, alem de fria, chovera um pouco mas nada q chegasse a comprometer nosso sono dos justos. Minto, foi nessa noite q passei a sentir a incomoda ardência dos inúmeros presentes q ganhei no constante vara-mato: ralados, machucados, espinhos cravados e cortes nas mãos, braços e pernas. Dane-se, faz parte.

DO TOPO DO CARAPUÇA ATE O COLÉGIO DO CARAÇA

Como sempre, a Cle & o Bastos levantaram mais cedo p/ ver a alvorada, mas o aconchego do saco de dormir me segurou um pouco mais na barraca, assim como o Guga. Um tapetão de nuvens abaixo do maciço da Serra de Catas Altas e arredores nos tornava as únicas "ilhas"daquele mar branco. O ceu estava desprovido de qq nuvem, sinal q teríamos muito sol na cachola, razao pela qual desmontamos td rapidamente, tomamos café e tratamos de aproveitar subir o cume do Carapuça com sol mais ameno, ate pq o mormaço do dia anterior deixou td mundo levemente corado, principalmente o Bastos, q parecia pimentão! E o pior era q não ventava nada, ou seja, calor! Saimos as 8:30, descendo suavemente por entre pedras e mato ralo ate o ultimo vale a transpor. No caminho, formações rochosas prodigiosamente esculpidas pelo tempo, vento e água nos lembram pilares de alguma civilização perdida são motivos pra mais pausas p/ cliques! E finalmente temos nosso ultimo vara-mato da trip, pra descer depois por uma vala pedregosa (e escorregadia) por onde corre um riachinho q abastecerá pela ultima vez nossos cantis, as 9hrs. Acima nosso, a apenas um pouco mais de
100m, o Carapuça parece nos chamar a vencer seu longo paredão de lajes e arbustos. Inicia ai o ataque,aos ziguezagues, sempre buscando as lajotas mais abertas e menos inclinadas, ou as valas/canaletas q evitem maiores inclinações ou mato mais abundante. Como já pegamos o jeito da coisa, a subida foi ate q bem rápida e num piscar de olhos cruzamos c/ a trilha oficial (q vem do Colégio), localizada num privilegiado mirante marcado por um totem. O Guga quis ficar por aqui mesmo, cuidando das mochilas, e assim o restante encarou a escalaminhada final ate o cume do dito cujo.

Escalaminhada aparentemente fácil, mas q exigiu q a Clê superasse seus temores de fendas, pq outra vez empacou numa ate q bem pequenina. Com uma paciencia q deixaria Jo mto orgulhoso, Bastos convenceu a mulé a superar a parada, e chegou conosco ate o final dos 1909m do pico, pontualmente as 10:20hrs! O topo do Carapuça é irregular, pequeno, rochoso e tem as ruínas de uma retransmissora do lado de dois postes apodrecidos, não sendo ideal p/
pernoite algum, alem de ser bem exposto! Do alto tínhamos uma panorâmica da região, principalmente do colégio, 600m abaixo. A sudeste, o Pico do Sol; a sudoeste, o Canjerana; a oeste e atrás do Colégio temos o Pico da Trindade e o Pico Conceição. De resto, la ficamos descansando ao sabor da leve brisa q corria do final dquela manha quente.

As 11hrs retomamos a pernada, passando inicialmente pra "pegar" o Guga no mirante e começar a descer pela trilha oficial rumo o Colégio. Estreita, íngreme, úmida e escorregadia são os adjetivos perfeitos pra definir a picada q se alterna numa vala rochosa e trilho de terra, descendo aos ziguezagues em meio a densa mata a muralha vertical q compõe aquela encosta
da serra. Cautela é fundamental pq aqui surgiram os primeiros capotes - ate entao inexistentes - da travessia. Perdendo altitude rapidamente ate alcançar um primeiro ombro de serra, q descemos e subimos quase q sequencialmente ate chegar, as 12:40hrs, na grutinha de Lourdes, uma boca de caverna q tem a imagem da santa. Ainda descendo, agora suavemente, ganhamos uma encosta mais baixa, passamos pro outro lado ate chegar na capelinha, a pequena Igreja Sagrado Coração de Jesus, as 13:30! Um pouco antes, porem, uma parada básica num riachinho cruzando a trilha nos convidou a tomar o sagrado banho de cada dia, alem de uma troca básica de roupa no mato afim de estarmos melhor apresentáveis na chegada do Colégio.Meia hora após o riachinho e a Igrejinha a trilha torna-se ampla, larga e super bem sinalizada. Chegamos no Colégio Caraça pontualmente as 14hrs e nos misturamos sutilmente à turistada q lá havia em plena terca-feira de feriado. Largamos as mochilas na frente de um restaurante e fomos imediatamente no bandejão, onde o povo almoçou e bebemoramos o sucesso da empreitada! Na sequencia fomos no museu e na igreja principal, a Nsa Sra Mãe dos Homens, cujo belo jardim frontal esta repleto de elétricos esquilos. Na escadaria da mesma tb é q há as famosas visitas do ilustre visitante, o lobo-guará, q vem mendigar comida dos padres.

O CELULAR MÁGICO E A VOLTA

Foi ai q vimos os monitores do Parque/Colegio do Caraça fazendo uma rodinha nas nossas mochilas...ihhhhh! Por sorte, já havíamos previamente combinado qual seria nossa lorota p/ estarmos ali, afinal, a travessia é proibida por concluir numa reserva particular! A Clê saiu-se mto bem dando sua "versão" da nossa empreitada aos ditos cujos, q desencanaram da gente, com exceção da monitora-mor, q ficou ainda c/ a pulga atrás da orelha e resolveu encarnar em mim. Pra complicar as coisas e parecer "natural", fingi falar ao celular... logo numa região onde não pega nada!? Puts, q mancada! Aí q a mulher não saiu do meu pé, mas antes q a conversa-interrogatorio prosseguisse, o Bastos já havia chamado Seu Geraldo q nos aguardava no estacionamento. Uffa! Salvo pelo gongo! Assim, num piscar de olhos chegamos
em Sta Bárbara, onde esperamos ate as 18:30 p/ tomar o bus local p/ BH, onde chegamos por volta das 21hrs e alguma coisa. Como já tínhamos garantido (via net e fone) as passagens de volta, aguardamos o suficiente pro povo tomar banho e jantar algo, p/ zarparmos as 22:45. Chegamos na terra da Garoa ate qq rápido na manha sgte, as 6 da matina, tempo p/ despedidas, correr p/ casa e se preparar pra mais uma semana de batente!

Recapitulando o parágrafo inicial, a travessia Catas Altas-Caraça é daquelas agradáveis surpresas pra poucos marotos aventureiros dispostos a apenas 20 e poucos km árduos de gde desnível diário, mas de gdes emocoes. Perrengueira, claro, é daquelas caminhadas onde td se mistura harmonicamente, mesmo q td pareça antagônico: o sagrado, o natural, o selvagem, o profano e o proibido.

Enfim, um testemunho da confraternização do homem e natureza, onde as feras se abrandam e comem na mão de padres, e onde trilheiros atrevidos (e caras-de-pau) trocam idéia tranqüilamente com monitores ambientais incrédulos. Isso não tem preço. Afinal, caminhadas batidas existem às pencas!

Por Jorge Soto
______ Designer por profissao
______ Montanhista e trekker por paixao
______ Mochileiro nas horas vagas
______ jorge_beer@hotmail.com


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DE CATAS-ALTAS AO CARAÇA: TRILHANDO COM OS LOBOS
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