Tem caminhadas cuja oferta (e freqüência) supera a procura, permitindo q sejam adiadas p/ proxima ocasião. É o caso da Peterê, Papagaio, Joatinga, etc. Por sua vez, há àquelas q são rarissimas sequer de serem mencionadas, qto mais dedicação e interesse na coleta de infos p/ chegar as vias de fato. Estas são oportunidades q devem ser agarradas com ambas mãos! Foi o caso da "Catas Altas - Caraça", cujo roteiro inicia no arraial homônimo, situado aos pés do maciço da Serra do Caraça, galga td sua crista atraves de seus maiores picos, e desce pro outro lado concluindo no Colégio do Caraça, cujo um patrimônio inclui a 1º Igreja em estilo Neogótico do país, alem das famosas visitas noturnas do lobo-guará. Enfim, mais uma daquelas raras e pitorescas travessias por serras mineiras q unem historia, cultura e natureza preservada.
O AGULHINHA E PERNOITE
NA GRUTA
Chegamos em BH sonados de cansaço, as 5:30 de sabado eu, Cleusa e Bastos.
A Clê ficou p/ esperar seu xodó Guga (q viera noutro buso, atrasado)
enqto eu e o Bastos tomamos o Pássaro Verde das 6hrs c/ destino a Sta
Bárbara, já p/ agilizar conduça pro destino sgte. Após
sair lentamente do perímetro urbano, serpenteamos morros ao mesmo tempo
q o relevo torna-se cada vez mais acidentado. O tempo, por sua vez, q comecara
promissor agora se encobria de grossas nuvens, anunciando o pior. Após
vários marcos da Estrada Real e passar por Barão de Cocais,
chegamos na pacata Sta Bárbara, sob fina garoa às 8:30, a tempo
de perder o busao p/ Catas Altas das 9hrs!! Negociando com taxistas e ponderando
sobre o proximo busao (11:30) resolvemos ir c/ Seu Geraldo, simpatico taxista
c/ quem já acertamos o resgate, no final da travessia. Enquanto esperávamos
a Clê & Guga q conhecemos pessoalmente a Maria, tb da lista ("Vc
q é o Guga?", me perguntou), q nos fornecera infos previas da
região via mail. Bem q tentamos dissuadi-la a nos acompanhar, sem sucesso,
mas suas obrigações falavam mais alto.
As 10:40 chegaram Guga & Clê, e num piscar de olhos zarpamos c/
Seu Geraldo p/ Catas Altas. No caminho já tínhamos um preview
do q nos aguardava: na horizontalidade da paisagem erguia-se um enorme, imponente
e impressionante maciço, cujo topo era momentaneamente encoberto por
rasgos de nuvens! Catas Altas é um pacato arraial pertencente ao antigo
Circuito do Ouro, o que pode ser apreciado nos seus vários monumentos,
como chafarizes e casarões coloniais, da qual se destaca a Igreja Nssa
Sra Conceição, q parece vigiar a cidade de cima de uma colina.
Ali fomos seguindo a sinalização "Cachoeiras" ou "Cachoeira
Maquiné", nos aproximando cada vez mais da serra. Após
subir uma precária estrada de terra, chegamos ate onde podiamos c/
o táxi, isto é, qdo o final da estradinha encontrava um trilho
de trem, do lado de uma casinha fechada. Acima nosso, os 1810m de pura rocha
do Pico Agulhinha nos observavam ameacadoramente.
Após uns petiscos, aquecimento e breve confraternização
desejando sucesso de trip, iniciamos oficialmente a travessia as 11:20hrs!
Acompanhamos o trilho de trem p/ esquerda por quase 200m ate encontrarmos
a trilha, junto um cano de captação atravessando perpendicularmente
baixo dos trilhos, a direita. A picada acompanha a encosta de um morro, sentido
oeste, e em pouco tempo chegamos na Cachu do Maquiné, de uns 13m e
um belo pocinho. Proximo há varias outras quedas menores nos desníveis
naturais do rio. Ali batemos algumas fotos e enchemos os cantis desnecessariamente,
pq bem mais acima tb encontraríamos água. Daqui, aparentemente
a trilha se afasta do rio, sobe o morro e segue por estradinha precária
de terra p/ sul, se misturando com varias outras vias de mineração,
existentes aos montes aqui. Sentido errado, mas daqui de cima avistamos o
rabicho de trilha correto em meio a mata (acima à oeste) e era pra
la q deveríamos seguir de alguma forma! Voltamos à cachu e,
não achando trilha na direção desejada, optamos por subir
pelo leito do córrego Maquiné, saltando cuidadosamente de pedra
em pedra em função do ardiloso limo, tornando nossa ascencao
bastante lenta.
Finalmente alcançamos um trecho onde o riacho interceptava uma pequena
(e rústica) ponte desmoronada, de onde saia o rabicho de trilha avistado,
à direita do córrego, e q seguia p/ norte. Aqui paramos p/ descansar
e fazer um lanche, ao mesmo tempo q ouvíamos o apito de um enorme trem
transportando minérios, la abaixo. Retomada a pernada, tomamos a picada
à esquerda do córrego, em meio a mata de galeria e muitas matacoes
de samambaias, e q aparentemente subia este primeiro cocoruto da chamada Serra
de Boa Vista. O chão fica escorregadio, o mato arbustivo cede lugar
a um bosque ate cruzarmos novamente com o córrego Maquiné, onde
passamos a subir, aos ziguezagues, a encosta seguinte. La pelas 14hrs atingimos
a enorme e bela Cachu do Meio (dividida em duas gdes quedas, de 40m e 20m),
onde a trilha sobe ate seu topo pela direita, proximo de um ótimo local
de acampamento, bem protegido. Em meio a floresta, a subida agora torna-se
mais árdua, onde temos q fazer usotanto de pés e mãos,
nos agarrando vigorosamente às raízes e rochas salientes p/
ganhar altitude. Mais acima, deixamos o rio assim como a mata fechada, e passamos
a escalaminharlajes de pedra, agora no aberto, transpondo eventuais focos
de bambuzinhos,pequenos arbustos e desviando de eventuais fendas, já
tendo um amplo visu do percorrido ate entao. Aqui já não há
mais trilha e o caminho é intuitivo, embora hajam imperceptíveis
setas (mal) riscadas na rocha, indicando o sentido a correto.
O caminho logo nos leva a uma pequena florestinha, onde havia um ótimo
(e tentador) lugar p/ acampar, bem protegido do vento. No entanto, como ainda
eram as 16:20hrs resolvemos seguir adiante, p/ novamente escalaminhar, no
aberto, pirambas íngremes de lajes, fendas na rocha e alguns arbustos.
Mas logo o cansaço logo torna-se estampado no rosto de todos, mas q
esboça leve sorriso ao encontrarmos uma bem-vinda bica em meio às
pedras, provavelmente uma das nascentes do Maquine, onde enchemos os cantis!
Já era quase 17:15hrs, o tempo se encobria rapidamente e um vento forte
soprava e nossa prioridade foi a de buscar um local decente, plano e protegido
no meio daquelas lajes inclinadas(!?), quase na base do enorme paredão
rochoso do Agulhinha, mas onde? Daí saimos da rota e, em diagonal p/
esquerda, nos dirigimos ao selado da crista, ligeiramente proximo "pero
no mucho", pois havia muito arbusto a varar e rocha a escalaminhar ainda
ate lá.Felizmente, não deu nem poucos minutos e encontramos
uma bela gruta, mais precisamente uma gigantesca fenda preenchida c/ enormes
pedras desmoronadas, formando varias tocas no seu interior! Não pensamos
duas vezes e foi la q ficamos, pois alem de oferecer bons locais p/ deitar,
era bem protegido do vento e de um eventual chuvisco! Eu e o Guga nos acomodamos
nos "beliches" rochosos quase na boca da gruta, e a Clê e
o Bastos dividiram uma lapa no "andar de baixo", q tb serviu de
cozinha! Estávamos exaustos e assim q escureceu preparamos a janta
e nos recolhemos aos sacos de dormir. A noite fora tranqüila e sem nenhuma
intercedencia; de onde eu estava podia ver perfeitamente as luzes faiscantes
de Catas Altas, logo abaixo! De madru o vento cessara e deixaria o ceu estupidamente
estrelado não fosse ofuscado por uma enorme e brilhante lua cheia,
q por sua vez lançava fachos de luz q invadiam nossa gruta, iluminando
ao redor.
NO PICO DO SOL,O CUME
DO CARAÇA
No domingo acordamos cedo p/ assistir a bela alvorada, prostrados na varanda
de nossa "caverna privê", ornada de bromélias, flores
e cipós! Dali assistimos o Astro-rei emergir do tapete de nuvens abaixo
nosso, tingindo o ceu nos mais variados tons escarlates possíveis.,
quase as 6 da matina. Enqto as nuvens se dispersavam e os raios invadiam a
caverna, tomamos nosso café e arrumamos as coisas, p/ começar
a andar logo em seguida. Assim, retornamos ao pto de água do dia anterior,
onde alem de abastecer os cantis recomeçamos a escalaminhada por lajotas,
à direita, pois havíamos encontrado novamente as setas indicando
a direção certa.Ganhando altura rapidamente logo alcançamos
um fiapo de florestinha, onde havia outro bom lugar p/ pernoitar, assim como
uma "casa de pedra" vazia construída sob uma toca (quilombo?),
q tb poderia ter nos acolhido caso não tivéssemos o ímpeto
de varar mato na diagonal, o dia anterior, mas q dispunha apenas de um filete
de água escorrendo pelas rochas. A trilha (obvia) passa pela frente
da toca e, novamente no aberto, passa a bordejar propriamente dito a base
da enorme muralha do Agulhinha, na direção sul, ou seja, sentido
o selado q pretendíamos atingir o dia anterior, porem sem a mesma dificuldade.
Desta forma, chegamos noutro topo bastante amplo e suavemente ondulado, com
restos de acampamento (q apelidamos de "Maionese"), porem bem exposto
e sem proteção alguma. Apesar disso, o local é mto bonito
e lembra uma paisagem lunar; a horizontalidade so era desfeita pela profusão
de rochas erodidas dos mais diversos formatos e salpicada de vegetação
arbustiva rala, principalmente canelas-de-ema!
A "trilha" oficial
termina aqui, a partir daqui a navegação é puramente
visual e a consulta da carta é necessaria p/ prever ou desviar dos
penhascos ou vales mais fundos! Enfim, daqui seguimos sentido sul, subindo
suavemente a ampla crista rochosa, repleta de fendas (um local q remete ao
Monte Roraima não fosse o cristal branco, abundante no chão
rochoso) e algum mato ralo, ate emparelhar com a estreita crista da Serra
do Caraça da qual faz parte o Agulhinha, separada por um vale ligeiramente
fundo. Antes tivéssemos tomado a dita crista (ao bordejar a base do
mesmo) pq era p/ la q tínhamos q seguir! Isso nos obrigou a buscar
um local menos inclinado p/ descer, inicialmente varando mato, passar pelo
interior de fendas na rocha ate por fim chegar no fundo do vale, onde alem
de muito capim havia o tb bem-vindo
precioso liquido (Córrego do Sol ou Quebra-Ossos, segundo a carta),
q refrescou nossa goela! Eram 10:53hrs e agora tínhamos q subir a crista
do Agulhinha, q foi vencida varando algum mato, mas principalmente subindo
as onipresentes lajotas umidas de pedra q compõem suas encostas. Alcançamos
o topo da crista da Serra do Caraça pontualmente ao meio-dia, onde
fizemos um merecido pit-stop pra lanche e descanso, tendo como paisagem o
incrível visu digna de muitas clicadas: um verdejante e fundo vale
rasgado por um rio encachoeirado (Córrego doTanque Preto ou Brumadinho,
segundo o mapa) formando varias quedas em seu percurso, alem de muitos poços
cor-de-coca-cola; no extremo norte da crista, o Agulhinha (ou Catas Altas
ou Horizonte) agora surgia como uma ponta rochosa no final da estreita crista;
no extremo sul, o enorme paredão de 2018m de pedra do Pico do Baiano
mostra pq é a maior muralha vertical de MG; à sudoeste e do
outro lado do vale, o Pico do Sol tem seu topo encoberto, tb ocultando o restante
da Serra do Caraça (a curva p/ oeste q compreende o Inficcionado ate
o Canjerana) p/ cair vertiginosamente noutra crista rochosa q se desprende
à noroeste, igualmente encoberta.Devidamente descansados, retomamos
a pernada andando pelo topo rochoso da crista pro sul, ate ir de encontro
(na base da escalaminhada, claro!) num
selado q se aproximava do pto mais estreito p/ chegar ao fundo do vale, logo
abaixo. Do selado, cuidadosamente, começamos um vara-mato considerável
em meio a muitos arbustos e bambuzinhos q nos deixaram arranhados nos braços
e pernas, eventualmente fazendo pausas de descanso nos afloramentos rochosos
da suave encosta, ate q finalmente alcançamos uma das varias cachus
q viramos do alto, as 14hrs. Pausa p/ banho, claro, embora a água estivesse
tinindo de gelada, e reposição de nossos cantis! O Guguinha,
pra variar reclama de não ter trazido sua "toalhinha". Me
poupe, ne?Como depois de td descida tem uma nova subida, respiramos fundo
pq agora vinha a ascensao final ao Pico do Sol. Como já havíamos
estudado do alto a melhor estratégia p/ isso - subir aos ziguezagues
pelas amplas lajotas e canaletas, evitando longos trechos de mato alto e terrenos
muito inclinados - não tivemos maiores dificuldades, a não ser
a Clê, q eventualmente travava ao subir lajes menos íngremes,
porem úmidas, q realmente estavam bem escorregadias. De onde agora
estávamos, o Agulhinha lembrava muito a foto clássica de Machu
Picchu, à nordeste! Ao atingir o primeiro colo do Pico o nevoeiro aumentou,
não permitindo enxergar nada, nem a encosta oposta. Porem, não
tivemos dificuldade em subir o restante do maciço, q se deu atraves
de uma escalaminhada básica numa canaletinha q o contornava inicialmente
p/ oeste e depois ao sul.
Dali foi so alegria, galgando degraus rochosos q finalmente nos levaram aos
2072m do seu amplo e largo topo, marcado por uma precária cruz de madeira.
Do lado e alguns metros abaixo, um terreno plano de areia clara, cercado de
rochas e muita capim rabo-de-gato servia como acampamento ideal p/ jogar nossas
mochilas, exatamente as 16hrs! Sem nenhum visu, nos resignamos a montar acampamento,
descansar e falar abobrinha. A noite logo chegou, fizemos nossa suculenta
janta e nos enfiamos nos sacos de dormir. Diferente da anterior, fez um pouco
mais de frio porem nada tao gritante, mas o bom foi q de madruga o tempo limpou
e novamente a lua cheia iluminou td o cume do Pico, q parecia cintilar tanto
qto as estrelas no ceu por conta da abundante presença de quartzito
nas rochas!
PELA CRISTA ATÉ
A BASE DO CARAPUÇA
Tal qual o dia anterior, levantamos cedo naquela friaca de segunda p/ ver
o sol nascer (um espetáculo impar, claro!), apreciar a ampla panorâmica
e posteriormente estudar a rota a seguir! Sem vestígio de alguma nuvem
num ceu estupidamente azul, tivemos o primeiro contato visual com o Inficcionado,
a Bocaina e o Cangerana e, finalmente, com o Colégio do Caraça,
um minúsculo cubículo branco enfiado num verdejante vale, quase
à noroeste, aos pés do Pico do Carapuça, nosso destino
daquele dia.Tomamos café, secamos o sereno depositado nas barracas
com os primeiros e aconchegantes raios do sol, e logo td material foi engolido
pelas mochilas. Zarpamos as 8:15, descendo suavemente pelas rochas sentido
noroeste, sem maiores desníveis durante um bom tempo. Felizmente os
vales desta crista não
eram tao profundos qto os do dia anterior, mas mesmo assim a navegação
exigia certa precisão p/ não darmos de cara com fendas e cânions
de gde desnivel, q nos obrigassem a voltar p/ contorna-los! No entanto, isso
foi quase impossível, pq tivemos q escalaminhar cautelosamente umas
fendas meio punk, q nos obrigaram a retirar as mochilar e ajudar uns aos outros
pra poder avancar!Logo em seguida, sempre sentido noroeste, veio uma descida
suave por uma larga rampa de pedra q terminava num vale, onde varamos uma
língua de mato p/ chegar ate o pequeno córrego q la havia, enfiado
no meio de um espesso bambuzal, as 10hrs! Felizmente neste já havia
uma brecha pela qual tivemos acesso ao liquido, assim como passagem pra outra
encosta, q não teve maiores dificuldades p/ ganhar novamente a crista,
q mais adiante se encontrava com outra crista! E assim foi consecutivamente,
sobes e desces suaves por largas rampas de pedra e algum mato ralo a transpor.
O q nos chamou a atenção deste trecho foi a presença
de muito mato queimado e rochas chamuscadas.Ao meio-dia paramos pra lanchar
e dar um relax, mas bastou o ceu se cobrir de nuvens ameacadoras q retomamos
a pernada, com receio de tomar chuva e ter dificuldades posteriores, principalmente
c/ lajes molhadas! Enqto isso, o Carapuça estava cada vez mais proximo,
com seu cume ora coberto ora não, ao mesmo tempo q um atrevido carcará
dava rasantes sobre a gente, parecendo se incomodar com nossa intromissao
naquele seu mundo selvagem de rocha e pedra. A pernada ia bem ate q esbarramos
num penhasco vertical relativamente alto..e agora, Jose? Nos dividimos p/
buscar opções de chegar ao vale abaixo em segurança ate
q o Bastos achou um: desce-lo na escalaminhada num trecho menos inclinado
(porem bem exposto), nos valendo das poucas agarras disponíveis e contornar
as enormes pedras da base. No vale, varamos um mato bem espesso outra vez
ate chegar na continuação da crista, e seguir desimpedidamente
por afloramentos rochosos durante um bom tempo..As 15hrs atingimos o alto
do vale q nos separava da base do Carapuça, q nos olhava de forma imponente
à sudoeste. Poderíamos ter avançado mais, no entanto
onde estávamos era um local tao bom (ou melhor ate) p/ pernoite q do
dia anterior, com terreno arenoso plano o bastante pra comportar td mundo,
protegido ao redor por um "anfiteatro" rochoso, aos 1800m. Como
terreno c/ terra ou areia (p/ prender as barracas) naquele mundo de pedra
era raro, resolvemos estacionar ali e descansar o resto do dia, afinal, varar-mato
cansa à beça! Eu e o Bastos q o diga.. Montamos acampamento,
fomos buscar água numa biquinha proxima e apreciamos o primeiro e belo
por-do-sol da trip, outro show a parte e motivo de varios cliques da Cleusa
& Guga! O sol deu lugar a uma enorme lua prateada q despontava no outro
lado do horizonte, e iluminou nosso acampamento dispensando qq tipo de luz
artificial, exceto na hora de preparar a janta. Nos recolhemos antes das 19:30hrs
assim q começou a esfriar consideravelmente e dormimos feito anjinhos.
À noite, alem de fria, chovera um pouco mas nada q chegasse a comprometer
nosso sono dos justos. Minto, foi nessa noite q passei a sentir a incomoda
ardência dos inúmeros presentes q ganhei no constante vara-mato:
ralados, machucados, espinhos cravados e cortes nas mãos, braços
e pernas. Dane-se, faz parte.
DO TOPO DO CARAPUÇA
ATE O COLÉGIO DO CARAÇA
Como sempre, a Cle & o Bastos levantaram mais cedo p/ ver a alvorada,
mas o aconchego do saco de dormir me segurou um pouco mais na barraca, assim
como o Guga. Um tapetão de nuvens abaixo do maciço da Serra
de Catas Altas e arredores nos tornava as únicas "ilhas"daquele
mar branco. O ceu estava desprovido de qq nuvem, sinal q teríamos muito
sol na cachola, razao pela qual desmontamos td rapidamente, tomamos café
e tratamos de aproveitar subir o cume do Carapuça com sol mais ameno,
ate pq o mormaço do dia anterior deixou td mundo levemente corado,
principalmente o Bastos, q parecia pimentão! E o pior era q não
ventava nada, ou seja, calor! Saimos as 8:30, descendo suavemente por entre
pedras e mato ralo ate o ultimo vale a transpor. No caminho, formações
rochosas prodigiosamente esculpidas pelo tempo, vento e água nos lembram
pilares de alguma civilização perdida são motivos pra
mais pausas p/ cliques! E finalmente temos nosso ultimo vara-mato da trip,
pra descer depois por uma vala pedregosa (e escorregadia) por onde corre um
riachinho q abastecerá pela ultima vez nossos cantis, as 9hrs. Acima
nosso, a apenas um pouco mais de
100m, o Carapuça parece nos chamar a vencer seu longo paredão
de lajes e arbustos. Inicia ai o ataque,aos ziguezagues, sempre buscando as
lajotas mais abertas e menos inclinadas, ou as valas/canaletas q evitem maiores
inclinações ou mato mais abundante. Como já pegamos o
jeito da coisa, a subida foi ate q bem rápida e num piscar de olhos
cruzamos c/ a trilha oficial (q vem do Colégio), localizada num privilegiado
mirante marcado por um totem. O Guga quis ficar por aqui mesmo, cuidando das
mochilas, e assim o restante encarou a escalaminhada final ate o cume do dito
cujo.
Escalaminhada aparentemente fácil, mas q exigiu q a Clê superasse
seus temores de fendas, pq outra vez empacou numa ate q bem pequenina. Com
uma paciencia q deixaria Jo mto orgulhoso, Bastos convenceu a mulé
a superar a parada, e chegou conosco ate o final dos 1909m do pico, pontualmente
as 10:20hrs! O topo do Carapuça é irregular, pequeno, rochoso
e tem as ruínas de uma retransmissora do lado de dois postes apodrecidos,
não sendo ideal p/
pernoite algum, alem de ser bem exposto! Do alto tínhamos uma panorâmica
da região, principalmente do colégio, 600m abaixo. A sudeste,
o Pico do Sol; a sudoeste, o Canjerana; a oeste e atrás do Colégio
temos o Pico da Trindade e o Pico Conceição. De resto, la ficamos
descansando ao sabor da leve brisa q corria do final dquela manha quente.
As 11hrs retomamos a pernada, passando inicialmente pra "pegar"
o Guga no mirante e começar a descer pela trilha oficial rumo o Colégio.
Estreita, íngreme, úmida e escorregadia são os adjetivos
perfeitos pra definir a picada q se alterna numa vala rochosa e trilho de
terra, descendo aos ziguezagues em meio a densa mata a muralha vertical q
compõe aquela encosta
da serra. Cautela é fundamental pq aqui surgiram os primeiros capotes
- ate entao inexistentes - da travessia. Perdendo altitude rapidamente ate
alcançar um primeiro ombro de serra, q descemos e subimos quase q sequencialmente
ate chegar, as 12:40hrs, na grutinha de Lourdes, uma boca de caverna q tem
a imagem da santa. Ainda descendo, agora suavemente, ganhamos uma encosta
mais baixa, passamos pro outro lado ate chegar na capelinha, a pequena Igreja
Sagrado Coração de Jesus, as 13:30! Um pouco antes, porem, uma
parada básica num riachinho cruzando a trilha nos convidou a tomar
o sagrado banho de cada dia, alem de uma troca básica de roupa no mato
afim de estarmos melhor apresentáveis na chegada do Colégio.Meia
hora após o riachinho e a Igrejinha a trilha torna-se ampla, larga
e super bem sinalizada. Chegamos no Colégio Caraça pontualmente
as 14hrs e nos misturamos sutilmente à turistada q lá havia
em plena terca-feira de feriado. Largamos as mochilas na frente de um restaurante
e fomos imediatamente no bandejão, onde o povo almoçou e bebemoramos
o sucesso da empreitada! Na sequencia fomos no museu e na igreja principal,
a Nsa Sra Mãe dos Homens, cujo belo jardim frontal esta repleto de
elétricos esquilos. Na escadaria da mesma tb é q há as
famosas visitas do ilustre visitante, o lobo-guará, q vem mendigar
comida dos padres.
O CELULAR MÁGICO
E A VOLTA
Foi ai q vimos os monitores do Parque/Colegio do Caraça fazendo uma
rodinha nas nossas mochilas...ihhhhh! Por sorte, já havíamos
previamente combinado qual seria nossa lorota p/ estarmos ali, afinal, a travessia
é proibida por concluir numa reserva particular! A Clê saiu-se
mto bem dando sua "versão" da nossa empreitada aos ditos
cujos, q desencanaram da gente, com exceção da monitora-mor,
q ficou ainda c/ a pulga atrás da orelha e resolveu encarnar em mim.
Pra complicar as coisas e parecer "natural", fingi falar ao celular...
logo numa região onde não pega nada!? Puts, q mancada! Aí
q a mulher não saiu do meu pé, mas antes q a conversa-interrogatorio
prosseguisse, o Bastos já havia chamado Seu Geraldo q nos aguardava
no estacionamento. Uffa! Salvo pelo gongo! Assim, num piscar de olhos chegamos
em Sta Bárbara, onde esperamos ate as 18:30 p/ tomar o bus local p/
BH, onde chegamos por volta das 21hrs e alguma coisa. Como já tínhamos
garantido (via net e fone) as passagens de volta, aguardamos o suficiente
pro povo tomar banho e jantar algo, p/ zarparmos as 22:45. Chegamos na terra
da Garoa ate qq rápido na manha sgte, as 6 da matina, tempo p/ despedidas,
correr p/ casa e se preparar pra mais uma semana de batente!
Recapitulando o parágrafo
inicial, a travessia Catas Altas-Caraça é daquelas agradáveis
surpresas pra poucos marotos aventureiros dispostos a apenas 20 e poucos km
árduos de gde desnível diário, mas de gdes emocoes. Perrengueira,
claro, é daquelas caminhadas onde td se mistura harmonicamente, mesmo
q td pareça antagônico: o sagrado, o natural, o selvagem, o profano
e o proibido.
Enfim, um testemunho da confraternização do homem e natureza,
onde as feras se abrandam e comem na mão de padres, e onde trilheiros
atrevidos (e caras-de-pau) trocam idéia tranqüilamente com monitores
ambientais incrédulos. Isso não tem preço. Afinal, caminhadas
batidas existem às pencas!
Por
Jorge Soto
______ Designer por profissao
______ Montanhista e trekker por paixao
______ Mochileiro nas horas vagas
______ jorge_beer@hotmail.com