Desculpem-me os grandes,
mas desta vez vou falar dos pequenos. —
Por Bito Meyer

Quando subi pele primeira vez a pedra do Baú, estava na na companhia de meu irmão Mauricio Meyer, que parou de escalar, por motivos de saúde. A partir de 85; o tempo passou meu irmão casou e hoje ele é pai de um belo garoto, Vitor Artur Meyer, com 10 anos. Desde que ele nasceu o incentivamos a escalar todo tipo de coisas, subir muros, escadas, telhados, árvores e etc, preparando sua percepção orbital e fortalecendo, com brincadeiras, suas juntas, músculos e ossos; ensinamos e a respirar, a se concentrar e a comungar com as coisas e com ele mesmo e mais que nunca a reverenciar e agradecer. Recentemente ele veio me visitar e fazer sua primeira escalada real. Tanto ele como eu estávamos empolgadíssimos e ter essa oportunidade. Para mim era muito mais que uma escalada, era ter a oportunidade consciente de se estar falando com o futuro.

Escolhemos a via normal do Baú e do Bauzinho, apresentamos as vias para ele e perguntamos se ele toparia, imediatamente ele disse que sim e que sabia que não corria perigo, pois estava comigo e com Karina, era tudo que queríamos ouvir.



Grande Dia Bito e Vitor Meyer

Descemos pelo rapel do Bauzinho e ele procedera como se toda vida fizesse aquilo, inclusive com palpites. Escalou a via toda, a vista, sem precisar de ajuda, de segundo, é lógico!
Muitos “adultos” passam um sufoco nestas vias, presos a seu universo limitado entre a vida e a hora de morrer, mas as crianças se relacionam de maneira distinta, porque elas não trazem consigo, como os adultos, a bagagem de suas idiossincrasias. Neste mesmo dia alguns “adultos” passaram por nós e dava para ver a diferença.

No outro dia fomos a normal do Baú, chegamos a base com muitas brincadeiras e sem problemas, na chaminé eu dou um empurrãozinho para ele poder progredir e a partir dai escalou todos os lances a vista. Era um dia de vento forte, na última parte da via o vento aumentou, mas ele não se abalou chegou ao final sem problemas.

O abismo, o vento, a exposição nada o incomodou, só o fato de ter feito muita força, uma força que até então ele não sabia que tinha e que ainda não tinha usado.

Durante a escalada, eu olhava aquela pequena criatura, parada, agarrada nas agarras, de olhos fechados e respirando profundamente, era comovente e engrandecedor, vê-lo escalar, todos os seus movimentos eram pensados e seus olhos traziam o brilho e o foco dos grandes escaladores. Ele escalou e caminhou, como os grandes escaladores, reclamou que estava com um pouco de dor de cabeça, então descemos, fora um dia cheio, bem cheio para uma criança; no caminho do Fausto ele já estava bem, se colocando em auto, para dar segurança para a Karina escalar os trepa pedras do caminho.
Suas férias terminaram ele voltou para casa e pro seu mundo que ainda é muito infantil e assim deve permanecer.

Quem de nós não gostaria que seu pai, ou alguém nos levasse, com carinho e afeto, por caminhos mágicos, revelando para nós um universo desconhecido.Uma criança de 10 anos sabe o que isso representa e essas coisas ficam pra sempre. Quem sabe um dia ele escute o chamado natural e resolva a conhecer montanhas, esse universo que só fez bem para mim, meus irmãos e meus amigos, com quem divido esses sentimentos e que tenho certeza, será maravilhoso para ele e espero que o inefável sentimento que nos torna um Montanhista se torne paupável, para ele também.

Tranvesal


ZEN


Bauzinho


Aresta


Final


Fim do dia Vitor Bito e Karina


Tranquilo


Movimento

Embaixo do teto


Aresta2


Brincando no ginásio da Escola

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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