Nesses 12 anos já vi muitas técnicas, táticas, tendências e estilos passarem pela escalada esportiva, muros ficando cada vez mais negativos, agarras crescendo, mas ficando abauladas, movimentação ficando mais dinâmica, treinamentos mais eficientes, enfim, o último aperfeiçoamento que veio foi em relação à alimentação. Os atletas se deram conta que melhorando a alimentação pode-se melhorar o desempenho em treinos e competições, não que você vá sair escalando cinco graus mais fortes um uma semana, mas se nas vias --você --conseguiu --atingir-- -algumas

agarras a mais, esta alimentação já veleu a pena! Dentro de todas as táticas nutricionais para escalada esportiva talvez a mais conhecida e com certeza a mais evidente é a perda de peso durante os treinos e na fase pré-competição, pois na escalada a força por si só não quer dizer NADA! O que tem sim importância é a relação força x peso, quanto mais leve, menor trabalho muscular e melhor eficiência e desempenho na via. Mas na prática não é isso que se vê, é cada vez mais comum ver escaladores (motivados e com boa intenção, mas talvez um pouco mal informados) perdendo, ou querendo perder peso de qualquer maneira, as vezes muito rápido, as vezes muito peso. Quero salientar neste texto que assim como tudo na vida, o peso na escalada também tem um meio termo, pois quanto mais leve melhor será sua escalada e quanto mais desnutrido você e seus músculos pior será sua escalada. Existe um tipo de avaliação nutricional que se chama “Avaliação Subjetiva Global” , onde somente em aspectos visuais como exposição de partes ósseas, consistência dos cabelos, cor de pele, etc, pode-se diagnosticar o estado nutricional. Com esta avaliação já vi alguns poucos casos de desnutrição aguda grave, isto devido a vontade acelerada de emagrecer rápido ou demais para uma boa performance ou estética. De uma maneira geral o que sempre aconselhamos é um emagrecimento de no máximo 1Kg por semana, isto em casos extremos, e pra cada kilo perdido não voltar é necessário 1 mês de “vigília” para o organismo não querer ganhar-lo de volta. Em atletas o caso é mais delicado pois normalmento os atletas já tem um baixo peso e se “passar do ponto” o atleta chega na data do evento com uma fraqueza e indisposição muito significativas e põe tudo a perder no campeonato, ou melhor, na alimentação. Na escalada não tem categoria por peso mas muitos escaladores emagrecem para melhorar a performance, e por alguns emagrecerem muito mesmo a IFSC (International Federation of Sport Climb) estabeleceu uma nova regra que em breve vai entrar nos campeonatos, o(a) escalador(a) não deve ter um IMC menor que 18,5. IMC é o Ìndice de Massa Corporal, uma relação que se analisa a distribuição do seu peso pela sua altura através da fórmula Peso/Alt2. Com esta nova regra provavelmente alguns escaladores do mundial terão que comer um pouco mais ou não irão competir. Em outras modalidades, normalmente em lutas, alguns atletas perdem peso, as vezes só líquido para a pesagem oficial e assim entram em uma categoria abaixo do seu peso real, como a pesagem é feita algumas horas antes o atleta pode repor as vezes até 5 a 6 litros de liquido antes da luta. Claro que essas práticas são as mais extremas vistas e são extremamente maléficas a saúde.
Portanto muito cuidado, pois o baixo peso, baixa porcentagem de gordura corpórea, bem nutrido e bom desempenho são bem proximos de desnutrido, fraqueza, indisposição e péssimo desempenho, informe-se e otimize seu desempenho.
Bom apetite e bons treinos.

César Grosso
______ Escalador - Bi-Campeão Brasileiro de Escalada Esportiva 2003/2006
______ Nutricionista – Criador do Sistema CNutri de Alimentação Inteligente
______ Colunista e colaborador do site www.brasilvertical.com.br
______ cesargrosso@bol.com.br

 

 

 

 

 

 

 

 


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TÉCNICAS - QUANTO MAIS LEVE, MELHOR SE ESCALA. SERÁ???