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Quem já teve a curiosidade de observar a partir do Hotel Alsene, no horizonte em direção a Norte, viu uma formação parecida com um lagarto, o Pico do Papagaio ou Morada dos Papagaios. Sua face Sul, com grandes canaletas e buracos, outrora foi um lugar perfeito para morada dos papagaios.

Hoje em dia, como tudo se transforma, não há vestígios de uma grande população de papagaios, entretanto, muitas maritacas e andorinhas além de outras espécies, não tão numerosas, habitam e nidificam na região.

É nesta simpática montanha, que conquistamos duas vias, a “Papagaio”, conquistada em 01 de maio de 1994 e a "O céu nunca acaba", iniciada na mesma época e finalizada na Páscoa de 2001.

O melhor acesso para as vias, é pela face Leste do maciço, a partir de uma estrada de terra que liga a cidade de Airuoca ao vale do Matutu. A trilha de acesso sai nas proximidades de um campo de futebol e de um camping. A partir deste local, em cerca de 2 horas, vencendo um desnível de aproximadamente 400 m, chega-se próximo ao maciço rochoso.

A melhor estratégia para se escalar as duas vias, é acampar próximo a base das vias. Água e visual há em abundância, com vista para o maciço de Itatiaia, e outras montanhas próximas. O local para acampamento, é alcançado continuando na trilha que contorna o maciço. Logo após se cruzar o único córrego e um pequeno charco, sai-se da mata em direção a uma crista, lugar perfeito para um acampamento.

As vias, para quem olha do vale do Matutu, estão localizadas exatamente na aresta esquerda do maciço, face sudeste. Olhando do acampamento para o maciço, as vias estão situadas próximas a aresta direita. Para o acesso para a base das vias, a partir do acampamento, retorna-se pela mesma trilha entrando novamente na mata e após atravessar o córrego e abastecer-se de água, sobe-se e em menos de 10 minutos chega-se a uma crista a partir do qual a trilha começa a descer. Procura-se a sua esquerda, dentro da mata, uma fitinha em direção a parede. A partir deste momento, não há mais trilha demarcada, somente fitinhas presas nas árvores, sempre subindo em direção a parede. Próxima a parede, existe um vestígio de um riacho seco. Cruzando este riacho seco, praticamente se está na base da parede. A partir deste momento, continua-se beirando à direita, até encontrar uma fitinha demarcando a primeira via, “Papagaio”. A base é plana e bastante confortável, apesar de estreita. Caminhando um pouco mais a frente, aproximadamente 8 metros, sempre beirando a parede, está o início da via “O céu nunca acaba”. Olhando a partir deste local, para direita, a uns 20 metros a direita, encontramos uma parada em “P”, que segundo informações, é uma via iniciada por cariocas e ainda inacabada na ocasião.

As vias foram graduadas preliminarmente com base na graduação da região de Salinas - Nova Friburgo, que resultou em 5º sup VI-b E3 para “Papagaios, e 6º sup VII-b E2 para “O ceu nunca acaba”. Ambas são vias de 4 enfiadas, sendo que a última é um costão bastante fácil, semelhante ao costão do Pão de Açúcar.

O material necessário:

• Corda de 55 m no mínimo
• 10 Costuras
• Fitas e mosquetões soltos

Não é necessário nenhum material móvel, pois nesta face não existem buracos ou fendas que valha a pena carregar um peso extra nas costas.

A primeira proteção, para ambas as vias, não se vê da base, sendo necessário escalar pelo menos 10 metros para se avistar, 10 metros adiante, a primeira proteção. Mas esta parte da escalada é bastante fácil. A característica das vias nesta face, são essencialmente em superficie positiva, com cristais, pequenas agarras e muita aderência, e algumas vezes, não vemos a próxima proteção. As paradas são confortáveis e são sempre em duas chapeletas.

A descida se dá pela trilha que percorre a crista do Papagaio, ou então por rapel pela própria via com abandono de material. Não recomendamos rapelar numa única chapeleta.

Por Reinaldo Kayzuka
_____Engenheiro Politécnico
_____Escalador e Montanhista
_____Conquistador de inúmeras vias na Região da Pedra do Baú em

_____São Bento do Sapucaí-SP


....Pico do Papagaio — Vale do Matutu — Aiuruoca