Conheça a história da
conquista de uma nova via de escalada na Pedra do
Baú por Karina
Filgueiras 22/07/08 -
11h59
Introdução
Bito iniciando a via Foto: Karina
Filgueiras
Karina guiando a primeira enfiad
Foto: Bito
Meyer
Karina batendo a primeira
chapeleta da via Foto: Bito
Meyer
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Karina Filgueiras é
montanhista e Diretora de Escalada do CEU (Centro
Excursionista Universitário), empresária e formada em Educacao
Física. Já escalou o El Captain, Half Dome, Leaning Tower,
Cerro Catedral/ Cerro Tronador, entre outros. Nesse texto ela
relata a conquista de uma nova via na Pedra do Baú (SP), ao
lado de Bito Meyer.
A via Cães e
Caravanas, na face norte da Pedra do Baú, estava em nossas
cabeças há mais de um ano, e o Bito Meyer já a tinha visto em
1994, quando esteve conquistando outra via na mesma face, a
Distraídos Venceremos. Enquanto estávamos conquistando
o Campo Escola CEU (CECEU), um local de treinamento que veio
suprir a necessidade que havia na região de vias onde o
escalador iniciante pudesse praticar com segurança e ambiente
as técnicas de escalada, aproveitávamos para namorar a parede
a nossa frente, sabíamos que ali esperava por nós, um tesouro
do Baú.
A Cães e Caravanas é uma via com
enfiadas cheias da mais pura escalada em livre, num misto de
proteção móvel e fixa. A via ficou bastante esportiva para uma
via na face norte do Baú, que é desafiadora e difícil e com
pouquíssimas vias, e mesmo estas vias com poucas repetições,
devido ao grau de dificuldade e de comprometimento necessários
para encarar essas vias.
O trabalho seria árduo para
mim e para o Bito, pois nossa intenção era fazer um ataque de
vários dias e dele sair com a via pronta. Para isso
precisávamos planejar e cuidar da logística de parede, como:
levar água (3 lts/dia por pessoa), alimentação, equipos,
cordas, mosquetões, móveis, costuras, fitas, equipo pessoal,
todo o material de bivaque, saco de dormir, roupa, anorak,
primeiros socorros, etc, totalizando, por baixo, uns 150
quilos de carga.
Transporte - Começamos o
transporte de água algumas semanas antes e durante este
período tivemos a ajuda de vários amigos e carregadores, cada
um levava um pouco do equipamento e assim conseguimos botar
tudo no platô. Era impressionante ver o Bito com suas bengalas
canadenses (que tem que usar para caminhar em trilhas depois
da fratura na perna que sofreu anos atrás e que causou o
enrijecimento da articulação do joelho), carregando uma
mochila cargueira com 20 quilos. Só mesmo tendo o “espírito do
montanhismo dentro de si”.
Com todo o material no
platô, nos restava partir para a via. Desde o início nos
propomos a ir trabalhando juntos e dividiríamos todas as
responsabilidades da conquista, inclusive guiar, o Bito
guiaria uma enfiada e eu outra, mas eu estava tranqüila,
afinal tinha o “mestre” Bito Meyer do meu lado. Esta era a via
mais séria que iria encarar, até agora tinha conquistado vias
curtas e apesar de eu estar acostumada às grandes paredes,
como de Yosemite, quase tudo que eu havia escalado até agora,
foram repetições de vias, ou seja, eu tinha como referencia
que 'alguém' passara por ali, mas agora eu me moveria por
caminhos “virgens”.
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